terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

"Mulher Africana (Negra)", A. Eckhout


Artista: Albert Eckhout
Título: Mulher Africana (Negra)
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 1641
Dimensões: 265x178 cm.
Local: Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague.



As representações naturalistas de Albert Eckhout documentam a fauna, a flora e os tipos étnicos que habitavam Pernambuco no período, a exuberância da floresta, as formas, as cores e a intensa luz dos trópicos, que desde os primórdios da colonização extasiou os europeus, foram retratadas no quadro, que contém uma mulher negra, uma criança e a natureza exuberante à sua volta em primeiro plano.

A mulher adornada com um colar de coral e outro de perolas, pingentes e brincos além de uma pulseira de ouro e na cintura um cachimbo semelhante ao dos holandeses. Ela, aparentemente, não é uma escrava, a julgar pelos seus adornos que pendem pérolas barrocas. A Europa se faz presente, neste detalhe de bijuteria, tal como no cachimbo holandês que traz à cintura. Esta mulher porta ainda um chapéu cônico oriental, e um cesto africano que suporta na mão direita, oferecendo frutas tropicais do Brasil: mamão, banana, laranja. Seus pés descalços apontam para a África e também para a escravidão, embora não pareça escrava. A negra e tropical fita o espectador do fundo do seu mistério, tem no seu corpo um espaço de encontros de culturas.

O menino que tem à sua esquerda, e sobre cuja cabeça tem sua mão pousada, num gesto ao mesmo tempo de proteção e de propriedade, mulato, tem a pele menos escura e os olhos mais claros que os da mãe, a mostrar que a negra tem um pé na casa grande dos brancos. Nas mãos do menino, uma espiga de milho, alimento de escravos, e também uma ave. Em torno de seu pescoço, um pequeno colar, lembrando uma guia de santo, atributo dos crentes da religião afro-brasileira.

A mulher negra é cercada por uma vegetação tropical e, sobretudo brasileira, composta de palmeiras, coqueiros, árvore de abacaxi, cactus. Tudo a indicar o nordeste brasileiro. Em um segundo plano, uma paisagem de praia, com os recifes ao longo do mar. Na praia, a atividade da pesca. Nesta cena, o elemento que faltava deste processo de miscigenação cultural: indígenas.

Mas o foco central da cena neste mundo mestiço é a mulher negra, senhora dos segredos. A cor, o formato e o tamanho das nuvens podem nos dar indicações do tempo meteorológico.

A mulher negra de Eckhout parece não só ofertar frutos tropicais dentro do cesto que porta na mão direita como ela própria se oferece ao olhar do espectador, cheia de promessas e de significados. Ela parece sugerir a presença de algo totalmente novo, presente na mestiçagem.

Este olhar europeu a percorrer terras distantes já vinha carregado de sentidos e preconceitos – pois não havia olhar ingênuo nestes passantes. Era uma espécie de paraíso tropical, indo ao encontro, talvez, de mitos muito antigos, que persistiam desde os tempos da descoberta do Brasil.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nega



Nega do Cabelo Duro

Composição: Rubens Soares e David Nasser

Ondulado, permanente
Teu cabelo é de sereia
E a pergunta que sai da mente
Qual'é o pente que te penteia?...

Quando tu entra na roda
O teu corpo bamboleia
Minha Nêga meu amor
Qual'é o pente que te penteia?...

Teu cabelo a couve flor
Tem um "que" que me tonteia
Minha nega, meu amor
Qual'é o pente que te penteia?
Misamplia a ferro e fogo
Não desmancha nem na areia
Toma banho em Botafogo
Qual'é o pente que te penteia?...

Nêga do Cabelo Duro
(Oh minha Nêga!)
Qual'é o pente que te penteia?
(Qual'é o pente!)
Qual'é o pente que te penteia?
(Qual'é o pente!)
Qual'é o pente que te penteia?
Oh minha Nêga!